domingo, 7 de dezembro de 2014

RESENHA DA CINEBIOGRAFIA DE CELSO FURTADO “O LONGO AMANHECER”



         Celso Furtado, demiurgo moderno brasileiro, nasceu a 26 de julho de 1920 em Pombal, no sertão da Paraíba. Tornou-se célebre por seu pensamento reformista: acreditava que, a partir de reformas de estrutura e políticas econômicas responsáveis, o Brasil cresceria.
            Ele partiu em caminho oposto aos demais pensadores da época que preconizavam o estudo desatrelado à realidade. Pelo contrário, Celso via a necessidade de captar a realidade a priori e, a partir da análise desta, transformar o mundo real (Brasil) em análise mental.
            Após a 2ª Guerra Mundial, ficou claro que os Estados são fatores importantes na História e que podem dar partida em transformações e, quando possível, monitorá-las. E esse pós-guerra serviu como laboratório de análise para Celso.
Combinou, ainda, a Teoria Keynesiana (macroeconômica) com a história (conhecimento da realidade) a fim de entender a dinâmica das estruturas; e percebeu que a concentração de capital gerava o fenômeno de dominação dos países subdesenvolvidos.
O cinebiografado percebeu que o problema do Brasil era estrutural e que não poderíamos equiparar o consumo e o PIB do Brasil com o das potências econômicas da época.
            Celso Furtado foi, também, um dos pensadores da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – CEPAL (criada em 25 de fevereiro de 1948).
            Sua idéia era, através da CEPAL, tentar superar a dominação centro (países desenvolvidos manufatureiros) – periferia (países subdesenvolvidos produtores de matéria prima).
            Furtado foi, ainda, um grande líder do pensamento desenvolvimentista, posto que considerava que “conhecimento se forma para agir”. Tanto que, em 1953, presidiu o Grupo Misto Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CEPAL-BNDES), no qual elaborou um estudo sobre a economia brasileira, tentando extrair daí planejamentos futuros.          
            Após isso, Celso foi responsável pela estratégia de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE (criada em 15 de dezembro de 1959) que tinha por objetivo acelerar o desenvolvimento da região.
Furtado afirmava que a SUDENE seguia de perto a necessidade de algumas regiões brasileiras: criação de políticas inteligentes e prioritárias.
A atuação da SUDENE se baseava em três pontos: abandonar a velha estratégica de combate à seca (a tentativa de mudar a estrutura de solo fracassava); industrializar a região a fim de aumentara renda da população; e, por fim, desmontar a estrutura fundiária da região, já que, como acreditava Celso, “o que faz a economia frágil do interior do nordeste é o latifúndio”, ou seja, uma cultura permanente em solo seco.
 Em 1961, o cinebiografado editou o livro “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento”.
Já em 1962, após se tornar Ministro do Planejamento, propôs o Plano Trienal visando o combate à alta inflação.
Com o Golpe Militar de 1964, o desenvolvimentismo foi abandonado e Celso se exilou na França. Só a partir da Lei da Anistia, Celso retoma seus laços com o Brasil.
Após isso, em 1986 foi nomeado Ministro da Cultura, de 1987 a 1990 integrou a South Commission, de 1993 a 1995 foi membro da Comissão Mundial para a Cultura e o Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura - UNESCO, e de 1996 a 1998 participou da Comissão Internacional de Bioética da UNESCO.

Em 1997, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro em novembro de 2004.

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