Celso
Furtado, demiurgo moderno brasileiro, nasceu a 26 de julho de 1920 em Pombal,
no sertão da Paraíba. Tornou-se célebre por seu pensamento reformista:
acreditava que, a partir de reformas de estrutura e políticas econômicas
responsáveis, o Brasil cresceria.
Ele partiu em caminho oposto aos
demais pensadores da época que preconizavam o estudo desatrelado à realidade.
Pelo contrário, Celso via a necessidade de captar a realidade a priori e, a partir da análise desta,
transformar o mundo real (Brasil) em análise mental.
Após a 2ª Guerra Mundial, ficou
claro que os Estados são fatores importantes na História e que podem dar
partida em transformações e, quando possível, monitorá-las. E esse pós-guerra
serviu como laboratório de análise para Celso.
Combinou, ainda, a Teoria Keynesiana (macroeconômica) com a história
(conhecimento da realidade) a fim de entender a dinâmica das estruturas; e
percebeu que a concentração de capital gerava o fenômeno de dominação dos
países subdesenvolvidos.
O cinebiografado percebeu que o problema do Brasil era estrutural e que
não poderíamos equiparar o consumo e o PIB do Brasil com o das potências
econômicas da época.
Celso Furtado foi, também, um dos
pensadores da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – CEPAL (criada
em 25 de fevereiro de 1948).
Sua idéia era, através da CEPAL,
tentar superar a dominação centro (países desenvolvidos manufatureiros) –
periferia (países subdesenvolvidos produtores de matéria prima).
Furtado foi, ainda, um grande líder
do pensamento desenvolvimentista, posto que considerava que “conhecimento se
forma para agir”. Tanto que, em 1953, presidiu o Grupo Misto Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (CEPAL-BNDES), no qual elaborou um estudo sobre a economia brasileira,
tentando extrair daí planejamentos futuros.
Após isso, Celso foi responsável
pela estratégia de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste –
SUDENE (criada em 15 de dezembro de 1959) que tinha por objetivo acelerar o
desenvolvimento da região.
Furtado afirmava que a SUDENE seguia de perto a necessidade de algumas
regiões brasileiras: criação de políticas inteligentes e prioritárias.
A atuação da SUDENE se baseava em três pontos: abandonar a velha
estratégica de combate à seca (a tentativa de mudar a estrutura de solo
fracassava); industrializar a região a fim de aumentara renda da população; e,
por fim, desmontar a estrutura fundiária da região, já que, como acreditava
Celso, “o que faz a economia frágil do interior do nordeste é o latifúndio”, ou
seja, uma cultura permanente em solo seco.
Em 1961, o cinebiografado editou o
livro “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento”.
Já em 1962, após se tornar Ministro do Planejamento, propôs o Plano
Trienal visando o combate à alta inflação.
Com o Golpe Militar de 1964, o desenvolvimentismo foi abandonado e Celso
se exilou na França. Só a partir da Lei da Anistia, Celso retoma seus laços com
o Brasil.
Após isso, em 1986 foi nomeado Ministro da
Cultura, de 1987 a
1990 integrou a South Commission, de 1993 a 1995 foi membro da Comissão Mundial para
a Cultura e o Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas para a educação,
a ciência e a cultura - UNESCO, e de 1996 a 1998 participou da Comissão
Internacional de Bioética da UNESCO.
Em 1997, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Faleceu no Rio de Janeiro em novembro de 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário