Ricardo Bielschowsky é autor do texto objeto da presente resenha. Ele se
graduou em Economia na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), fez o mestrado na Universidade de Brasília e o
doutorado na Universidade de Leicester, Inglaterra. É
hoje professor da UFRJ, e trabalha Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe.
O texto está divido em
seis momentos e possui como objeto as três principais contribuições analíticas
de Celso Furtado ao estruturalismo.
Antes de começar a
discorre sobre as contribuições de Furtado é ressaltada a teoria das condições
periféricas de desenvolvimento, formulada por Prebisch. Segundo o autor para é
necessário citar essa teoria para compreender a teoria de Furtado, uma vez que,
este foi seguidor daquele.
Para a Teoria das
condições periféricas as restrições ao crescimento estão determinadas pelas
condições específicas da América Latina como periferia do mundo desenvolvido.
As três principais
contribuições analíticas de Celso Furtado ao estruturalismo:
i)
O método histórico-estrutural, que incorpora a história
brasileira e latinoamericana às formulações estruturalistas: Sua obra “Formação
Econômica do Brasil” e uma bem sucedida tentativa de identificar os elementos
históricos na formação do país que legitimam o uso do estruturalismo e de suas
conclusões em matéria de política econômica;
ii)
A interpretação de que o subdesenvolvimento na
periferia latinoamericana tende a ser preservado por muito tempo, devido à
dificuldade de superar o subemprego e a inadequada diversificação da atividade
produtiva: com o livro “Desenvolvimento e Subdesenvolvimento na America Latina”.
Furtado alertou que, mesmo com crescimento sustentado seria difícil absorver a
oferta abundante de mao-de-obra no contexto das sociedades latinoamericanas, ao
apresentar a ideia de que pode haver crescimento durante um longo período e ao
mesmo tempo manter o desemprego e o subemprego, a heterogeneidade tecnológica,
a concentração de renda e a injustiça social.
iii)
A ideia de que a evolução dos investimentos na
periferia está predeterminada pela composição da demanda, que espelha e tende a
preservar a concentração de renda e de propriedade: A terceira grande
contribuição de Furtado ao estruturalismo veio alguns anos mais tarde. Argumentou
que a concentração da renda e da propriedade predetermina a composição setorial
do investimento e as escolhas tecnológicas, levando a fração moderna da
estrutura produtiva na America Latina a uma densidade de capital similar a dos
países desenvolvidos.
Bielschowsky aponta duas
falhas na analise de Furtado, a saber. Em primeiro lugar, o livro de Furtado de
1966 argumentou que no padrão latinoamericano de crescimento e industrializacao
se observavam rendimentos decrescentes de escala, que resultavam numa tendência
a estagnação. Em segundo lugar, o autor afirma que Furtado não considerou a
possibilidade de exaurir o excedente de mao-de-obra como resultado do controle
de natalidade e de um crescimento rápido dentro do padrão distributivo
existente.
E ainda, Bielschowsky
evidência 04 (quatro) afirmações que Prebisch ou Furtado poderia ter feito, no
que refere as tendências econômicas dos em relação aos últimos 25 (vinte e
cinco) anos:
i.
O período foi de relativa estagnação na America Latina.
Ocorreram muitas mudanças, algumas positivas, mas o resultado geral econômico e
social foi altamente desfavorável.
ii.
Com poucas exceções, na maioria dos países as reformas
e a política econômica implementadas contribuíram a uma relativa desindustrialização,e
a perda de elos de cadeias produtivas e de complementaridades intersetoriais e intersetoriais
no âmbito industrial.
iii.
No período aumentou a heterogeneidade de setores,
sub-setores e empresas.
iv.
O subemprego e o desemprego explicam por que, apesar do
aumento nos gastos sociais, a distribuição de renda permaneceu rígida.
Chagando ao fim do artigo
o autor afirma que mediante ao ocorrido na America Latina nos últimos 25 anos,
a analise de Furtado manteve-se, infelizmente, com enorme atualidade. Os dois
elementos centrais do subdesenvolvimento —ou seja, a insuficiente diversidade
da base produtiva e a dualidade ou heterogeneidade estrutural— não foram
superados, e o resultado foi a preservação de baixos salários, a concentração
da renda e os elevados níveis de pobreza.
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