O autor do texto, Boaventura de Sousa Santos, nasceu em Coimbra em 15/11/1940. É Doutorado em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale (1973), Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Em
síntese o autor faz inicialmente uma análise das transformações recentes no
sistema de ensino superior e o impacto destas na Universidade pública;
identifica e justifica os princípios básicos de uma reforma democrática e
emancipatória da universidade pública; o autor abarca em seu texto a influência
do processo de Bolonha no ensino superior; define o que é conhecimento
universitário, ao mesmo tempo em que critica seu modelo atual; relaciona o
projeto de país com o de universidade, propondo soluções para o seu problema
através de uma reforma universitária para o século XXI e a criação de uma nova
instituição; e ao longo do texto, realiza um traçado histórico das
transformações ocorridas na década de noventa na universidade pública,
elencando a pluralidade de fatores de sua crise.
Em
observância a nossa atual Constituição Federal é evidenciado que a educação é um
direito social (art. 6°, CF/88), compete ao Estado de modo geral proporcional
os meios de acessos a educação (art. 23, V, CF/88), e ainda, a educação é
direito de todos e dever do Estado (art. 205, CF/88). Portanto, é nítido
percebemos que a educação considerada formal é de responsabilidade do Estado.
Entretanto,
cabe ressaltar que tão difícil quanto ao acesso à educação, tem sido a
permanência, devido a inúmeros fatores. Então, de grande importância como
termos uma política de “deselitização” do ensino superior é genuinamente
universalizar os direitos de acesso e permanência à educação, no qual, sempre houve
negligência no Brasil. E não, tornar os alunos consumidores, uma vez que, com a
influência da economia neoliberal levou à substituição da gratuidade por
empréstimos.
Segundo
Boaventura (2008, pag.83), todas instituições atravessam por vários desafios (crises,
transtornos, etc.) fatores esses que devem ser superados com o passar do tempo,
nas Universidades não é diferente. O autor nos mostra 03 (três) fatores:
1.
As crises
de hegemonia: Resultante de atribuições funcionais de ideias
contraditórias, uma vez, que o papel da universidade era formar as mais altas
elites, e hoje é formar mão de obra qualificada para o mercado de trabalho;
2.
A crise
de legitimidade: Perda de consenso dentro das universidades, em que se cria
uma contradição entre a hierarquia do saber restringindo-se a uma minoria
confrontando-se de frente com as exigências sócio políticas;
3.
A crise
de institucionalidade: Baseado no modelo neoliberal, universidades estão
abrindo-se para o mercado transnacional, amparados pelo Banco Mundial e a OMC.
E, estão sendo estimuladas a uma acumulação privada.
O autor faz uma
critica aos dois preconceitos contraditórios existentes em nossas universidades
públicas: “o de que a universidades públicas só pode ser reformada pelos
universitários e de que a universidades públicas nunca se auto-reformará” (BOVENTURA,
2008, pag. 54).
Criativamente, para
explanar suas ideias, ele cria a figura de protagonistas, que exercerão os
papéis de atores em busca de uma solução eficaz para o drama que a educação
pública vivência, já que o projeto tem que ser sustentado por forças sociais
disponíveis e interessadas em protagonizá-lo.
àPrimeira
protagonista: A própria universidade pública, providas de alternativas
realistas de mudanças;
à Segundo
protagonista: Deve ser sempre o Estado Nacional, quando este optar
politicamente pela globalização solidária da universidade;
à Terceiro
protagonista: São os cidadãos individualmente ou coletivamente organizados, que
tenham interesse em estabelecer relações de cooperação entre as universidades
públicas e os interesses sociais que a representam.
O autor sugere como
solução, a educação cooperativa entre os países de Língua Portuguesa, como uma
alternativa exigente, mas realista, fora da qual não será possível a nenhum
país resistir, individualmente à avalanche da mercadorização global da
universidade e fortalecer a qualidade de ensino.
Portanto, sugiro a leitura do
texto “A Universidade no Século XXI: Para
uma reforma democrática e emancipatória da Universidade” de Boaventura, como uma das bases de
estudo sobre a universidade no que tange a reforma democrática e emancipatória,
no século XXI. E ainda, para refletir sobre o papel das universidades publicas
com a comunidade em relação ao princípio de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão.
Texto extraído do livro "A
Universidade no Século XXI: Para uma Universidade Nova", Coimbra,
Outubro 2008, autores: Boaventura de Sousa Santos e Naomar de Almeida
Filho.
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